segunda-feira, 30 de maio de 2011

Curiosidades sobre o autor

Poeta não gostava do estudo

Em 1851, Bernardo Guimarães deixou a "república'' (casa de estudante) da rua da Constituição e foi morar com as Vidais, na rua dos Bambus, numa casa que ficava entre as duas repúblicas, a dos companheiros Ferreira de Resende, Evaristo e Bernardo Veiga, e a do Caetano Jose Andrade Pinto, moço excessivamente buliçoso e despudorado, que chegou a ficar nu na presença das Vidais... Em seu livro "Minhas Recordações", Ferreira de Resende afirma que Bernardo Guimarães pouco se importava com as aulas do Largo de São Francisco.
Diz ele: "O estudo era talvez a coisa de que Bernardo Guimarães menos se lembrava, de sorte que outubro ainda estava longe, e ele já tinha 38 ou 39 pontos. E isso era uma péssima recomendação para o exame. E o que era pior, sem meios ou com muito poucos meios para estudar, bastava-lhe entretanto que desse mais um ou dois pontos para que perdesse o ano. Mas o que era para Bernardo Guimarães um ano perdido com todas as conseqüências comparado com as lânguidas delícias do sono da manhã ou com o seu constante e sempre doce devanear de um céptico?!"
Continua Ferreira de Resende: "Bernardo, portanto, nem estudava nem acordava para ir à aula; e ele teria com toda a certeza perdido o ano se não fosse um velho bedel da Academia, que se chamava Mendonça, e que, morando no Largo de Santa Ifigênia, e sentindo por B.G. uma espécie de caritativa simpatia, tomou a si a penosa tarefa de sair mais cedo para a Academia, passar pelas Vidais, e não continuava o seu caminho sem que tivesse acordado o Bernardo e o levasse consigo".
(Do livro inédito "Bernardo Guimarães, o romancista da abolição", de Armelim Guimarães)

Boêmio incorrigível

por Armelim Guimarães
(do livro "Bernardo Guimarães, o romancista da Abolição")

E por que tanto insistência em qualificar Bernardo Guimarães de boêmio?

Porque o foi realmente. Mesmo que nada houvesse ele deixado de talento, do seu gênio e de seu estro, só por essa faceta merece um livro sobre sua vida. É o Bernardo "formidável" da classificação de Alcântara Machado.

Mas boêmio no bom sentido da palavra, que nem os dicionários têm explicado com exatidão, o que é. É a boêmia caracterizada sobretudo por certa rebeldia aos cânones e etiquetas sociais e pelo viver independente, muito a seu modo, ajustado à sua índole de retraído, de comodista, de pensador e de eterna esteta, indiferente ao juízo alheio, inteiramente avesso a valores convencionais, arredio dos ajuntamentos solenes, dos préstitos e aparatos festivos e dos salões palacianos, mas amante da

simplicidade, da camaradagem sadia, do bom-humor gozado entre amigos, só entre amigos.

E boêmia condimentada com uma filosofia toda sua, toda pessoal, idiossincrásica, divertida, original, às vezes gaiata, mas profundamente nobre em tudo, que lhe escancarava a alma para com todas as grandezas do coração e do civismo, e que o tornavam epigramático, satírico, cauterizante para com os paparretas, os sofômanos, os tartufos com que ia topando inhac lacrimarum valle.

Bernardo definia a vida com uma gargalhada...

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